A guerra do Transborda foi vencida

Por: Rodolfo Gullar

“A guerra do Transborda”, foi assim que o jornalista, crítico musical e escritor Alex Antunes brincou na plenária de abertura do Congresso Fora do Eixo Minas, dentro do festival que aconteceu nos dias 13 a 19 de Setembro. Isso porque a enorme polêmica causada pelo evento, desde a sua aprovação na Lei Municipal de Incentivo à Cultura Belo Horizonte/MG, deixou velhos músicos, novos músicos, velhos produtores e novos produtores independentes em conflito por vários dias, através da Internet e em debates presenciais.


Conflito de idéias, de objetivos e de momento talvez, que de certa forma precisavam se chocar uma hora ou outra, para que todos pudessem perceber claramente o novo momento da música em Belo Horizonte: de um lado a nova geração de músicos e agentes culturais munidos de muita informação, força de trabalho e extremamente conectados ao novo mercado, que está se construindo; de outro os velhos e marcados produtores que se encontravam numa zona de conforto, até perceber que estavam perdendo espaço.

Muitos criticaram e apontavam a falta de experiência do coletivo Pegada como um ponto fraco, mas a produção foi impecável: mais de 30 shows, vários debates, integração das artes e diversidade marcaram os 7 dias de evento, fazendo jus ao nome e slogan: Transborda, festival de artes transversais.

Cidadão Comum

Não é em todos os festivais que você encontra um duelo de mc’s e o som swingado do Cidadão Comum, juntamente com o som pesado e rasgado do Leptospirose no mesmo dia; ou o samba do Samba de Luiz ao lado do metal do Eminence; ou até mesmo as guitarras pesadas do Macaco Bong, junto com o som dançante do Dead Lovers Twisted Heart. Tudo isso mais algumas intervenções estéticas formaram, não só um grande festival de música, como também um raro ambiente cultural e diversificado.

Todos que compareceram à Praça da Estação para ver os shows, presenciaram a nova música de Belo Horizonte: com novos artistas, novos nomes, novos discursos e novos desejos.

Enfim, o que o Transborda deixou foi a certeza que realmente as coisas estão mudando.





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