Por: Antonio Carlos
Valcimar
Damasceno, ou simplesmente “Nunga”, 42 anos, 25 deles dedicado ao Rap,
não transita pelas ruas do Bairro Savassi em Ribeirão das Neves, sem não
ser reconhecido pelos moradores. O rapper sempre teve contato com os
problemas da periferia nevense, a partir disso e por influências de
grupos e artistas que vão desde o Rock ao Brega. Esse ano o rapper lança
o CD virtual, com músicas inéditas e de forte apelo crítico e
politizado, mas falam de sentimentos humanos como “Amor” e “Sedução”.
Em
função disso, o Semifusa veio ouvir um pouco sobre o lançamento desse
CD e dos projetos do rapper e um pouco de sua opinião a respeito do
cenário do Rap atual.
1-
Primeiramente, expectativa com o lançamento desse novo CD, conta um
pouco mais sobre ele. O que o público vai encontrar nas suas letras, nos
samples?
É
um projeto antigo, são mixtapes com participação de muitas artistas, a
intenção é mostrar o cenário Mineiro do Rap. A proposta foi essa juntar a
galera que já está comigo. O nome “Olá” tem esse intuito, se
apresentar. As músicas são meio gangster,
mas também eclético como temas normais como Amor. Musicas meio P.I.M.P,
meio cafetão, mas eu mostro um lado humano. Em suma, é uma sintetização
de sentimentos, o Rap não é só falar de policia, violência. A recepção
foi muito boa lá fora, E.U.A, Europa. etc. Os americanos gostam muito de
pessoas ousadas, gostam de inovação por isso acho que tenho uma
representatividade lá fora, o americano não gosta de coisa repetitiva.
Fiz parte do grupo Liberdade de expressão que fez muito sucesso no
Brasil, na epoca que o Racionais emergiu tivemos muitos problemas com
drogas, cachaça e etc, e o grupo não foi pra frente. Eu tenho referência
de músicas de vários estilos, atualmente eu ouço muito brega, gosto de
ouvir rock, mpb e etc. A batida é uma mulher,eu tenho que ir no embalo
dela as vezes ela pede pra mudar um pouco e tenho que entender, acho que
é isso que vão encontrar nas minhas músicas.
2 - Muitas coisas que você fala nas letras, vem da experiência com o local que você vive?
Eu
vim aqui pra vencer, falo demais daqui, as brigas, tretas, namoros.
Neves é uma inspiração muito grande. Em Neves, conseguimos vender os
CD’s todos apenas por aqui.
3 - Você vê mudança no seu bairro, na sua cidade, em todos os aspectos culturais, sociais?
Neves
antes não tinha nada. Neves é a menina do Brasil, se um cara que tem
visão tipo Eike Batista vem pra cá, isso progredirá demais. As mudanças
vem aos poucos. A questão política as pessoas estão mudando, hoje todo
mundo tem carro. Aqui está cheio de novos ricos. A mudança muito boa
também.
4
- O Rap sempre fez refletir os problemas sociais, os temas que debate
você se preocupa com isso, se preocupa com o que acontece ao seu redor?
Já
me preocupei mais, mas nem todos querem ajuda. As pessoas são iguais
politicos só voltam pra te ajudar quando é do interesse delas. Pobreza é
mental, não financeira. Os negros são exemplos, tem que lutar, o sol
está ai pra todos e ai gente tem correr atrás das coisas. Tem que parar
com esse estigma de dó.
5 - Falando um pouco do cenário Rap atual, como você vê o mercado hoje, esses grupos de novos Rapers?
O
lance é o seguinte, atualmente o cenário está bom demais, pra todos os
estilos, o Criolo por exemplo, ele deixou de fazer Rap, ele faz música
tem que misturar, ter uma visão maior das coisas. No caso do Emicida
acho ele muito normal, respeito o som dele, mas acho ele como outros
comuns, a batida dele é muito parecida com o que ouço por ai. Mas acho
que o Rap está no momento muito bom pra expandir, o contrário do que
rolava antes. Em BH então é um celeiro de muitas musicas boas, tipo A
Corte, Sem meia verdade, Submundo, Arezona, Godzila Rap Monsters
(Teofilo Otoni), CTA, etc.
Quem quiser conferir o novo som do Nunga, vale a pena demais, pode clicar aqui para baixar gratuitamente.
vlw ai ao Antonio pela oportunidade e ao blog do coletivo semifusa pelo apoio,muito boa a materia e precisando tamus ai,abração a todos !
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